segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Contos Goreanos - Cap VII - O Mercado de Laura


A forte chuva havia passado e com ela a inquietação do mar. Só então os braços tensionados do First Axe começavam a soltar o leme. O respirar ofegante denunciava o momento extremo que haviam deixado para trás. Tobyr ainda subia com baldes jogando-os para fora da embarcação quando via Kalandra subir correndo ao convés. Era o porto, a cidade e estavam bem. Locke subia as velas para diminuir a velocidade da embarcação enquanto Draco finalmente aportava. O tempo nublado escondia boa parte do horizonte da Cidade.
Ao longe ja podiam escutar as vozes dos mercadores. Embarcações que desembarcavam escravos acorrentados em fila. A barraca que vendia peixes, homens e mulheres livres transitando sobre as passarelas de madeira rente a água. O cheiro de peixe e maresia se misturando aos gritos dos slavers. Draco parava na proa para observar o lugar. Havia um caminho que levava para o alto de uma das planicies, onde ficava a Taberna de Eidir um velho amigo. Lá sabia que encontrariam comida e hospedagem a bons preços. Continuava olhando ao redor na tentativa de encontrar o espaço de algum marceneiro ou um lugar onde pudessem adquirir madeira.
- Locke.. siga pela vila, veja se consegue encontrar um bom marceneiro para dar uma olhada no casco.. ou que nos venda a madeira e arrumamos nos mesmo o trirreme...
O homem concordava e saia da embarcação, misturando-se aos passantes, olhos atentos ao redor e desaparecia. Draco voltava para dentro do barco, seguia para sua cabine, dentro do bau algumas ferramentas de ferraria, ele tomava para si... Remexia no bau entre os ferros até encontrar uma coleira que lhe agradasse. Uma de ferro escovado e brilhante. Olhava o aro verificando se a medida serviria e sim.. ao seu ver daria perfeitamente. Tomava os outros apetrechos e subia para o convés chamando por Kalandra
- Minha menina, venha aqui.. - Colocava as ferramentas sobre um velho caixote e esperava que ela se aproximasse.. - Nadu.. - falava sem demais explicações, e assim que ela se fizesse na posição, ele afastava os longos cabelos negros da menina, verificando o espaço entre a coleira e o pescoço, de modo a machuca-la o minimo possivel, tocava levemente a cabeça dela para que abaixasse, olhava ao redor da coleira e logo erguia o rosto da menina de novo.
Os dedos deslizavam pela peça metalica onde o nome do antigo Jarl da Vila estava ostentado. Pegava o alicate e prendia o cadeado, pressionava com força de modo a mantê-lo seguro entre as garras dde metal da ferramenta, abaixava a mão levando consigo o rosto de kalandra e apoiava os cabos do Alicate no caixote. O martelo vinha rasgando o ar. passava rente ao rosto de kalandra com violencia e o ruido do metal rompendo era escutado. O Alicate era partido e a coleira estava aberta. Ele sorria satisfeito, retirando a antiga coleira do pescoço da menina. virava-se pegando a metalica que trazia seu nome gravado e prendia. A Coleira não tinha a vistosidade da anterior que ela usava. Era rude, mas era dele. O cadeado era novamente fechado, acabando com os segundos de liberdade de Kalandra.
- Agora é definitivamente minha, menina... Vamos.. vou providenciar alguns Camisks pra vocês.. e vamos arrumar um lugar pra ficar até amanhã.. quando seguimos para Venna.. -olhava para o resto da embarcação procurando por Cibelle. - Vá buscar a menina do sul.. antes que ela desapareça por ai..
Tybor aproximava-se dos dois.
- A parte de baixo já está sem água, First..
Draco batia no ombro do amigo
- Pois então é hora de buscarmos alguma carne para comer.. se eu comer mais peixes vou mudar meu nome para tubarão - Ria enquanto descia a rampa do barco.

o ceu ainda estava nublado e o vento cuidava de levar a tempestade embora, kalandra se debruçava sobre o parapeito de madeira do barco , os olhos buscavam o porto de Laura . Animava-se com a possibilidade de pisar em terra, o barco se aproximava devagar, conduzido pelas mãos habeis de seu mestre que procurava no porto um espaço para atracar a nau. O movimento do porto era intenso, barcos iam e vinham, rota de abastecimento de muitos viajantes e comerciantes,o porto de Laura era movimentado. Era um lugar bonito, simples, com as casas em madeira que se apinhavam em varios niveis ligadas por pontes de madeira. O cheiro de peixe salgado invadia as narinas da menina e o burburinhos das pessoas ja se fazia ouvir. Queria descer e explorar tudo ali. Ela acompanhava Locke descer e se misturar aos trausentes no porto, em busca de um bom marceneiro ou madeira para o conserto da embarcação. Não percebia a movimentação de seu mestre, apenas o ouvia chama-la corria ate ele
- O mestre chamou a menina? - notava algumas ferramentas na mão dele e atendia ao comando, se ajoelhava na postura pedida, coxas abertas, coluna ereta e mãos sobre as pernas.
Ele verificava seu colar, afastava os longos cabelos da menina e corria a mão por ele. Logo sentia-o colocar o alicate junto ao pequeno cadeado que prendia a coleira da menina. Girava o rosto para olha-lo e logo ele a reprendia. Ficava quieta. Ele forçava a mão e o rosto da manina descia. A pancada vinha forte e precisa, o martelo passava proxima ao rosto dela, ela prendia o ar, os olhos fechavam e ela crispava o rosto. O cadeado rompia , a coleira se abria e num reflexo ela levava a mão ao pescoço, sentia-o livre da placa de metal que usava como adorno. Mas logo a coleira dele era posta, novamente o peso do anel de aço envolta do pescoço era sentido. Escutava o click , indicando que o pequeno cadeado colocado , tinha exercido sua função. Estava trancada. Os dedos corriam o aço frio do colar, se detinham no nome marcado nele, levantava os olhos e sorria, não era um colar ornado como o antigo,mas agradavam kalandra, nas linhas simples residia sua beleza e o mais importante, era o colar dele
- Sim meu jarl...agora sua menina tem sua coleira - ele avisava que iam sair, ela se animava , queria mesmo conhecer tudo ali e a menção das compras a animava ainda mais. - Temos que levar a menina do sul jarl?
A ideia de leva-la junto a desanimava.
- Ela pode ficar amarrada no porão meu jarl, assim não ha o perigo da fuga - sugeria sem arredar pe, por ela Cibelle ficava. A mao se mantinha no colar quando Tibor chegava e ela o exibia , orgulhasa da coleira de seu mestre.

Draco olhava satisfeito o colar que era colocado e a forma como ela o recebia. Aquela etapa ao menos estava resolvida. avisava para que fosse buscar a menina do sul e ela contestava. Draco parava na rampa e a olhava. Não pedira a opnião, nem estava ali esperando por uma. Não deixaria uma escrava presa a uma embarcação, quando se poderia ter uma noção de interesses sobre ela. Quem sabe pudesse vende-la ali mesmo. E todo o modo era sua escrava tambem. Os olhos verdes pousaram sobre Kalandra como quem pergunta a ela o que ela estava por dizer.
- Não escutei o que disse menina.. - A voz era taciturna e firme. Voltava os passos para tras na direção onde ela estava. - Eu mandei que buscasse a menina do sul, o que me disse?
Voltava a pergunta com a voz branda, e os olhos duros sobre ela. talvez ter dormido com Kalandra sobre suas peles tivesse sido um erro. A amava mas ela ter a certeza desse sentimento talvez não fosse correto.
Os olhos dele esperavam a resposta que ela lhe daria, e então voltava a seguir para a rampa. Tobyr o seguia, caminhando para a pequena feira dos mercadores montada no cais. Em um dos palanques alguns escravos eram exibidos. Um homem gordo exibia a mercadoria ouvindo o preço que davam por eles. Mulheres de estatura um pouco mais baixa que as goreanas eram exibidas. Provavelmente mulheres da terra que haviam sido capturadas e olhavam assustadas ao redor enquanto alguns mestres se aproximavam para checar o que iriam adquirir. Olhavam dentes, cabelos, olhos. Viravam e reviravam como se olhassem carne exposta no açougue.
Draco seguia pelo meio das pessoas. O cheiro das ervas, das carnes defumadas. Alguns Thalarions passavam com seus montadores pelo meio das pessoas, enquanto os pés pisavam a madeira rangindo do caminho. Olhava ao redor em busca de uma costureira. Não demoravam a encontrar a pequena cabana que dava vista a tecidos pendurados do lado de fora. Passava por um e outro até chegar à porta da mulher. Os homens no caminho olhavam a beleza das escravas. comentavam algo mas não mexiam ou tocavam. Draco parava diante da porta da costureira
- Tal Lady.. talvez possa me ajudar.. gostaria de comprar alguns camisks.. simples.. para as meninas..
Deixava que a mulher lhe expusesse os tecidos e camisks dentro do valor que estava disposto a pagar por eles, e afastava-se um pouco olhando as roupas expostas. Iria comprar mais dois, mais elaborados e mais caros. Mas não daria a nenhuma das duas, por hora.

Ela percebia que tinha ido alem do que poderia. Os olhos duros caiam sobre ela e ela recuava. Mas era algo que n'ao conseguia controlar. A presenca da menina do sul a desagradava extremamente, n'ao gostava da ideia de te-la por perto. Baixava o olhar como era esperado
- Perdoe sua menina meu jarl, vou busca-la como deseja - dava tres curtos passos para traz e girava sobre os calcanhares indo atras da menina. A encontrava no porão e avisava - O jarl a chama, quer sua presenca.
Cibelle voltava a atencao para kalandra assim que ela falava e estampava um sorriso, era claro que aquilo desagradava kalandra e isso para ela ja era o suficiente. Via o novo colar dela , o nome de seu jarl estampado nele e respondia
- Se ele me quer, não vou faze-lo esperar- Cibelle Passava por kalandra ajeitando os longos cabelos loiros e subia em direcao ao conves, n'ao a esperava, se colocava num caminhar rapido e ia de encontro ao mestre, que ja havia descido a rampa do navio . Se ajoelhava a frente dele - Chamou sua menina mestre?
Kalandra a seguia, a irritacao dela era visivel, apressava o passo e chegava logo atras dela, tambem se colocava de joelhos e aguardava ele seguir caminho. Seguiam logo atraz dele, os olhos de ambas percorriam tudo ali com interesse e curiosidade. Podiam sentir os olhos dos homens sobre elas, kalandra mantinha a postura elegante que fora ensinada, Cibelle parecia se irritar com os olhares e esbarr'oes das pessoas nela.Paravam diante de uma pequena cabana repleta de tecidos. Logo os olhos de ambas brilhavam , como toda mulher eram vaidosas. A mulher exibia alguns tecidos, sugeria outros e abria diante dos olhos das meninas um modelo apos o outro, sabia que o lucro dela dependia do agrado das meninas. Ent'ao apresentava o que tinha de melhor ali.
Kalandra corria os olhos fascinada pelas cores e tecidos, a vontade era de pegar e experimentar todos mas se continha. Cibelle sorria a cada camisk exposto, tambem ela se encantava pelas cores e tecidos. Os olhos de kalandra caiam sobre um seda vermelha, brilhavam ao ver a bela vestimenta. O fino tecido parecia cintilar e as correntes douradas ornadas com pedras vermelhas brilhavam sob a luz do sol. Era linda. Olhava da seda para o mestre com um olhar que deixava claro o seu desejo. Tinha vontade de toca-la, puxar para si e colocar ante ao seu corpo para ver como ficava, mas se continha. Nem mesmo tocava os camisk apresentados, esperava a ordem dele para tal.

Draco se mantinha ali parado, para ele era algo enfadonho, escolher tecidos para roupas de mulheres. a costureira exibia as peças diante das meninas que ficavam euforicas pela possibilidade das compras. Ele retirava a pequena bolsa do cinto entregando algumas moedas para a costureira. Daria para que fizessem boas escolhas em tecidos simples.
- Mostre a elas o que ha de bom e barato, Lady.. nada muito enriquecido pois estamos em viagem... - avisava e voltava a andar entre as amostras de roupas.
Observava as sedas quando via os olhos pedintes de Kalandra sobre o tecido. Sorriu voltando a olha-lo e afastava-se, vira algumas camisas para si, alguns kilts e tambem somava à compra. Assim como roupas para Locke e Tobyr. Deixava as meninas escolherem os camisks de cores e modelos que queriam e falava com a costureira em particular que lhe sorria e atendia seu pedido. A seda vermelha era retirada do manequim e enrolada junto as compras que ele estava fazendo... após a saida da costureira com as compras feitas, seguiam pela pequena feira. os olhos do Homem corriam os lugares. Sabia que as meninas não possuiam pertences. Ao menos Cibelle fora capturada e não possuia nada, Kalandra de igual forma. Seguia então até a cabana que indicava perfumista.
- Minha menina, Tome.. compre algumas coisas que vão precisar para a viagem.. - entregava algumas moedas de prata nas mãos de Kalandra. E depois mais algumas na outra mão - Aqui compre provisões para a viagem.. carne defumada... vou em busca de alguns mercadores e retorno. Fiquem aqui esperando por mim.. Tobyr ficará com vcs..
Avisava com um afago nos cabelos de Kalandra. Estava na responsabilidade dela adquirir os itens para as duas e a compra de alimentos. Tobyr ficava ali diante do botica. Sentava em um dos barris olhando ao redor. O movimento do lugar agradava. Havia gente de todo o lugar. Mercadores de Schendi, Guerrreiros de Ar e seus emblemas nas capas, Mestres de Ko-ro-ba.. Escravos que seguiam seus amos, escravos carregando compras.
O homem aguardava enquanto Draco se distanciava no meio das pessoas. Os olhos corriam pelo local, seguiam até a ferraria e entrava.
- Tal homem..
Cumprimentava o ferreiro. O homem grande virava-se para o cliente A cicatriz enorme surgia no rosto. Marcava o rosto de um lado a outro. Provavelmente em algum ataque Kur. O enorme homem careca o olhava com cara de poucos amigos. Fazia um calor infernal naquele lugar
- Tal, viajante.. o que quer?
Draco aproximava-se do balcão.
- Quero encomendar braceletes de oito correntes.. dois pares de cada..
O homem o ouvia...
- Thrall ou bond Sir?
O First olhava ao redor os materiais do homem
- Bonds.. e que grave minha inicial neles...
O homem careca assentia, dava seu preço e era pago de imediato.. avisava que ficaria pronto a noite.. draco confirmava, voltava a andar pela feira. os olhos, comprava mais algumas pequenas coisas que poderiam ser necessárias à viagem e retornava para o botica afim de reencontrar as meninas com as compras feitas. Os dois homens seguiam o caminho de pedras e madeiras que levavam até a estalagem no alto da planicie

Assim que o mestre liberava a escolhA , as duas avancavam nos camisks, escolhiam as cores e os colocavam diante de si, pegam outro e mais outro e iam experimentando. Os gostos das duas divergiam. Kalandra gostava dos tecidos finos e ornados, buscava as cores que combinavam com sua pele morena e optava por grandes decotes. Escolhia dois mais simples para o trabalho diario. Cibelle revirava tudo sempre com um olhar de desdem, como se aquelas roupas n'ao fossem dignas dela, por fim escolhia alguns com decotes n'ao ta'o pronunciados quanto os de kalandra. As maos das duas caiam sobre um com detalhes dourados, uma puxava de um lado e a outra do outro. Comecava entao a discussao. Cada uma querendo para si o camisk. A lady olhava afoita para as meninas temendo q a peca se rasgasse ao meio.
- Solta que eh meu, eu vi primeiro. - kalandra bradava enquanto cibelle , determinada n'ao o soltava, n'ao ia entregar o camisk a kalandra, ela ja tomava conta de mais do espaco que ela entendia como seu, o camisk virava ali uma questao de honra para a sulista.
- Não solto...eu vi primeiro e vai ser meu!!
Firmava a mão e o puxava com violencia, o tumulto comecava a se formar, a lady intervinha irritada , a sulista firmava e puxava com forca o camisk tentando arrancar das maos de kalandra. Ela entao soltava, deixando o impulso que Cibelle fazia para puxar o tecido de suas m'aos, derruba-la no chao com o camisk. Cibelle caia, tentava se agarrar ao balcao em v'ao , caia derrubando alguns rolos de tecidos. Kalandra ria
- Pode ficar com ele, nem eh tão bonito assim.
Juntava os que tinha separado em sua mao e agradecia a atencao da lady e ia para perto do seu amo, mostrando o que comprara. Ele lhe dava algumas moedas e a incumbia da compra de mantimentos e de perfumes e oleos para ambas. Tobyr as acompanharia e assim que ele se afastava, se entregava agora a tarefa ardua de escolher perfumes. Se demoravam ali mais do que deviam. Tobyr sentado esperava ja ficando imapaciente com a demora das meninas. Cibelle franzia o nariz para os aromas ali, por fim escolhia o de aroma adocicado, kalandra optava pelo que tinha habito de usar, escolhia a fragrancia da talender, comprava oleos, e sabao para ambas. Corriam depois as cabanas de mantimento, soul, carnes secas e salgadas, farinha de sa tarna, queijos, feij'oes, topist e algumas frutas que duravam mais tempo eram compradas para viagem. Tobyr ia atraz, acompanhar mulheres nas compras era algo que parecia desagrada-lo, ficava pedindo agilidade nas compras o tempo todo. Por fim quando terminavam estavam com tudo o que precisavam e voltavam a porta do botica conforme o combinado para aguardar Draco.

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